terça-feira, 28 de setembro de 2010

Os ruídos incessantes da tecnologia insuportável

Melhor ouvir certas coisas, do que ser surdo

Dia desses estava eu indo trabalhar, mais um dia de aulas para uma turma barulhenta, mas...falei em barulho? Sim, barulho! Como se não bastassem o rush do trânsito do Recife no fim da tarde, começo da noite, uma surpresinha me aguardava no busão lotado.

Ir em pé? Antes fosse isso...O problema é que eu fui "embalada" pelas canções de um cidadão de gosto duvidoso. Não, o rapaz não foi cantarolando, mas ouvindo em alto e péssimo tom, no celular "high tec" que portava, os maiores sucessos do brega e do forró elétrico, ou, para parafrasear o jornalista José Teles, o rapaz curtia a "fuleiragem music". Ninguém merece!!!

Respirei fundo e fui aguentando em pé no busão e, no meu pobre pé de ouvido, aquela música de péssimo gosto e desprovida de qualquer mensagem e concepção estética produtiva que saia do celular modernoso do moço. Ninguém merece de novo!!

Agora reflita comigo: é ou não é insuportável quando nos deparamos nos ônibus com pessoas sem um pingo de bom senso, que pensam serem as demais obrigadas a compactuar e aguentar as músicas em alto tom que elas resolvem executar nos seus celulares de tecnologia avançada e de acervo musical de péssima qualidade?

Que o rapazinho quisesse ouvir aquela música "estupenda" e estupidamente alta, azar o dele, dos ouvidos e da cabeça dele, fones de ouvido existem para isso. Mas o caso aqui parece ser o de uma pessoa incessata e exibicionista que quer mostrar o poder do aparelhinho eletrônico que possui, numa incessante busca por um pertencimento social, de um status efêmero que se pensa adquirir ao possuir "o celular do momento". E mais, bons modos e respeito ao próximo passaram bem longe do rapazinho e de seu celular musical.

Vida longa à nossa paciência e aos nossos ouvidos, e ao bom senso também!!

4 comentários:

  1. Dia desses (faz tempo) estava eu numa situação análoga. Só que com mais conforto: estava sentado. E cochilava, depois de um dia atarefado, voltando pra casa quando fui acordado por um pregador da palavra de deus. Aos gritos, ele incitava a todos a ouvir o chamado do "senhor", como se pudesse ganhar almas aumentando o volume da voz.
    Não demorou muito e eu surtei: Levantei e mandei ele calar a boca.
    Pense na situação. Uma "ouvinte" o defendeu e ficamos discutindo. Ele continuou sua pregação como se nada tivesse acontecido (ou acontecendo), só que um pouco mais baixo...
    Rio, só de me lembrar. Mas que foi desagradável, isso foi.
    E na segunda-feira, dia 04 tem palestra na Fundaj:
    "Brega: por uma escuta possível e necessária da sociedade brasileira"
    Com SAMUEL ARAÚJO do Laboratório de Etnomusicologia (UFRJ). Veja mais no blog O MUNDO É BREGA.
    http://omundobrega.blogspot.com/

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  2. uma vez, no Canal Capibaribe, eu vi um doc sobre o Tecnobrega do Pará. Os caras fazendo as músicas (sic) no computador e uma daquelas (mesas?) de som das mais fuleiras. As letras eram as mais rabujentas possíveis. Mas, de noite, o clube tava lotado e os caras exibiam suas máquinas de som, e tals...aqui não sei se rola desse jeito, eu sei q tem os bregas por aí afora, lá em Peixinhos, tinha um bar junto do Nascedouro q era de brega pra baixo.
    Mas, na minha concepção, isto tudo está relacionado ao tipo de sociedade em que nós vivemos. Isto tudo é um ecossistema. Não vem do nada.

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  3. Carlos, pode crer, tem gente precisando tomar chá de semancol!
    Obrigada pelo toque, o debate deve ser bem legal mesmo. Se der, apareço lá.

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  4. Isso, Léo. Não dá para fechar olhos e tapar ouvidos para o que anda sendo produzido pelos contextos populares, nem é isso que queremos, mas é preciso repensar quais são os acessos que esses contextos vêm tendo e que uso vêm fazendo desses acessos.
    Vc é um danado, sempre participando por aqui, muito bom, viu?!
    Forte abraço!!

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