Dia desses estava eu indo trabalhar, mais um dia de aulas para uma turma barulhenta, mas...falei em barulho? Sim, barulho! Como se não bastassem o rush do trânsito do Recife no fim da tarde, começo da noite, uma surpresinha me aguardava no busão lotado.
Ir em pé? Antes fosse isso...O problema é que eu fui "embalada" pelas canções de um cidadão de gosto duvidoso. Não, o rapaz não foi cantarolando, mas ouvindo em alto e péssimo tom, no celular "high tec" que portava, os maiores sucessos do brega e do forró elétrico, ou, para parafrasear o jornalista José Teles, o rapaz curtia a "fuleiragem music". Ninguém merece!!!
Respirei fundo e fui aguentando em pé no busão e, no meu pobre pé de ouvido, aquela música de péssimo gosto e desprovida de qualquer mensagem e concepção estética produtiva que saia do celular modernoso do moço. Ninguém merece de novo!!
Agora reflita comigo: é ou não é insuportável quando nos deparamos nos ônibus com pessoas sem um pingo de bom senso, que pensam serem as demais obrigadas a compactuar e aguentar as músicas em alto tom que elas resolvem executar nos seus celulares de tecnologia avançada e de acervo musical de péssima qualidade?
Que o rapazinho quisesse ouvir aquela música "estupenda" e estupidamente alta, azar o dele, dos ouvidos e da cabeça dele, fones de ouvido existem para isso. Mas o caso aqui parece ser o de uma pessoa incessata e exibicionista que quer mostrar o poder do aparelhinho eletrônico que possui, numa incessante busca por um pertencimento social, de um status efêmero que se pensa adquirir ao possuir "o celular do momento". E mais, bons modos e respeito ao próximo passaram bem longe do rapazinho e de seu celular musical.
Vida longa à nossa paciência e aos nossos ouvidos, e ao bom senso também!!
Dia desses (faz tempo) estava eu numa situação análoga. Só que com mais conforto: estava sentado. E cochilava, depois de um dia atarefado, voltando pra casa quando fui acordado por um pregador da palavra de deus. Aos gritos, ele incitava a todos a ouvir o chamado do "senhor", como se pudesse ganhar almas aumentando o volume da voz.
ResponderExcluirNão demorou muito e eu surtei: Levantei e mandei ele calar a boca.
Pense na situação. Uma "ouvinte" o defendeu e ficamos discutindo. Ele continuou sua pregação como se nada tivesse acontecido (ou acontecendo), só que um pouco mais baixo...
Rio, só de me lembrar. Mas que foi desagradável, isso foi.
E na segunda-feira, dia 04 tem palestra na Fundaj:
"Brega: por uma escuta possível e necessária da sociedade brasileira"
Com SAMUEL ARAÚJO do Laboratório de Etnomusicologia (UFRJ). Veja mais no blog O MUNDO É BREGA.
http://omundobrega.blogspot.com/
uma vez, no Canal Capibaribe, eu vi um doc sobre o Tecnobrega do Pará. Os caras fazendo as músicas (sic) no computador e uma daquelas (mesas?) de som das mais fuleiras. As letras eram as mais rabujentas possíveis. Mas, de noite, o clube tava lotado e os caras exibiam suas máquinas de som, e tals...aqui não sei se rola desse jeito, eu sei q tem os bregas por aí afora, lá em Peixinhos, tinha um bar junto do Nascedouro q era de brega pra baixo.
ResponderExcluirMas, na minha concepção, isto tudo está relacionado ao tipo de sociedade em que nós vivemos. Isto tudo é um ecossistema. Não vem do nada.
Carlos, pode crer, tem gente precisando tomar chá de semancol!
ResponderExcluirObrigada pelo toque, o debate deve ser bem legal mesmo. Se der, apareço lá.
Isso, Léo. Não dá para fechar olhos e tapar ouvidos para o que anda sendo produzido pelos contextos populares, nem é isso que queremos, mas é preciso repensar quais são os acessos que esses contextos vêm tendo e que uso vêm fazendo desses acessos.
ResponderExcluirVc é um danado, sempre participando por aqui, muito bom, viu?!
Forte abraço!!